sábado, 26 de setembro de 2009

A IMPORTÂNCIA POLÍTICA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL

Escola itinerante do MST.

Os movimentos sociais fazem parte, expressivamente, da história do nosso país e da vida dos brasileiros, desde os movimentos dos trabalhadores da década de 1910. Participando das manifestações populares podemos, principalmente, exigir a efetivação das políticas públicas e reivindicar nossos direitos, assim sendo, por meio dos movimentos sociais podemos demonstrar nossa insatisfação, promover transformações na conjuntura política do nosso bairro, da nossa cidade e quiçá do nosso país, além do mais ao participar dos movimentos populares estamos caminhando rumo à cidadania plena.

De acordo com a mídia internacional o brasileiro é um povo cordial, mas ao contrário do que muitos pensam ser cordial não quer dizer ser franco, sincero e afável, muito pelo contrário, segundo Sérgio Buarque de Holanda, a cordialidade do homem brasileiro é inata, vista pelos estrangeiros, transmitindo-lhes a idéia de submissão, de conformismo e de conluio com as oligarquias.

Conhecendo as raízes da desigualdade em nosso país e levando em conta a idéia do pai de Chico, devemos à colonização portuguesa, ao regime de escravidão e à conseguinte Lei de Terras, a característica cordial dos brasileiros, que paradoxalmente quer dizer que somos um povo pouco revolucionário. Mas esta afirmação é realmente verdadeira?

Esta afirmação não é verdadeira em sua totalidade, uma vez que nós já protagonizamos diversos movimentos sociais importantíssimos, tais como a resistência à escravidão dos negros no Quilombo dos Palmares no século XVII; a oposição ao domínio português com a Inconfidência Mineira em 1789; o estabelecimento da República Rio Grandense na Guerra dos Farrapos de 1845; além da Guerra de Canudos contra os interesses latifundiários na Bahia em 1896. E as reivindicações dos brasileiros não pararam por aí, elas estenderam-se durante todo o século seguinte.

O movimento dos trabalhadores (tanto rurais quanto industriais) é um dos mais antigos do Brasil, e chegou ao ápice em 1910, quando os trabalhadores passaram a fazer greves e participar de lutas encampadas; portanto, as conquistas da atualidade não surgiram por acaso, são produtos das lutas de outros cidadãos que se mobilizaram coletivamente em busca de mudanças. Essas reivindicações começaram a se espalhar pelas cidades com a crescente urbanização e industrialização do país, propiciando mudanças na legislação trabalhista, principalmente após a Nova República. A implantação do salário mínimo, da jornada de trabalho de 8 horas/dia, das férias remuneradas e a criação da previdência social, dentre outros direitos são oriundos das lutas empenhadas por muitos trabalhadores e sindicatos.

Os sindicatos por sua vez, são figuras importantes no cenário das manifestações sociais e tiveram participações muito significativas na década de 1980, a função dos sindicatos é justamente de intermediar as relações entre os trabalhadores e proprietários, quando não há um acordo entre os mesmos, sempre procurando negociar pontos favoráveis aos dois lados.

Atualmente, podemos listar o movimento dos trabalhadores rurais sem terra (MST) como uma das mais importantes manifestações sociais brasileiras, segundo os sem terra, uma reforma agrária decente representa a ampliação dos direitos trabalhistas e especialmente, é uma questão de justiça social.

Embora as informações divulgadas pela mídia sobre o MST e seus participantes sejam muito tendenciosas, e diria até preconceituosas, não impedem que os trabalhadores sem terra continuem suas reivindicações por benefícios, pela reforma agrária e pela implantação de ações neste setor. Assim sendo, verificamos que apesar da mídia de massa se colocar contra o MST e criticar este movimento, ela esquece de fornecer maiores esclarecimentos sobre quem são os trabalhadores sem terra e quais são os seus reais objetivos, se atendo em rechaçar e dizer que os manifestantes do MST são um bando desocupados e preguiçosos que ficam pedindo “terra de graça”. Mas equivocados são estes que pensam que os trabalhadores sem terra reivindicam terra de graça, muito pelo contrário, estes somente reivindicam seus direitos quanto cidadãos, aliás, um detalhe que muitos esquecem é justamente aquele que defende a reforma agrária como lei, de acordo com a Constituição Brasileira. Sem falar que esta problemática vem se arrastando durante muitos anos tem sua origem justamente na época criação da chamada Lei de Terras, logo após a libertação dos escravos, assim sendo esta lei tinha o propósito de impedir que os ex-escravos adquirissem terras, uma vez que as mesmas só podiam ser compradas ou herdadas, e pobres os ex-escravos, não tinham dinheiro para comprar tais terras e muito menos, possuíam qualquer herança.

Vale lembrar que as políticas de reforma agrária além de defenderem a distribuição justa da terra devem contemplar uma alternativa à distribuição de renda no país, pois de nada vale a reforma agrária sem uma distribuição de renda decente.

Em resposta a deturpação das informações sobre o movimento dos sem terra por parte da mídia, a única atitude que podemos ter é de lamentar, uma vez que não podemos generalizar as situações, porque também não são todos os manifestantes que têm propósitos correspondentes às reivindicações feitas pelo MST, há ao mesmo tempo, maus elementos dentre os verdadeiros trabalhadores sem terra. Esta é uma observação que serve tanto para nós, cidadãos afim de não fazermos mau juízo do MST, e principalmente para os meios de comunicação para que não continuem divulgando aquilo que eles não têm pleno conhecimento.

Por conseguinte, gostaria de colocar um ponto chave para nos orientarmos e não fazermos pré-conceito daquilo que não conhecemos, sobre o MST, destacamos seus principais propósitos e objetivos, sendo que dentre estes está a educação, todas as crianças sem terra estudam, mesmo que em escolas improvisadas, tais como a retratada pela fotografia ao topo. Não podemos nos esquecer que os manifestantes somente ocupam terras improdutivas e na maioria das vezes pertencentes a latifundiários grileiros, que não pagam impostos pelas respectivas terras e ainda por cima, falsificaram documentos a fim de obtê-las. Outra consideração importante diz respeito sobre os respectivos “donos” das propriedades, que em sua maioria são políticos muito poderosos e influentes, especialmente na região Nordeste do Brasil, e com absoluta certeza, não estão utilizando determinadas as terras para o bem comum, pois, não têm uma produção diversificada que atenda o decadente mercado alimentício brasileiro, deste modo, os alimentos que chegam a nossa mesa são produzidos pelos pequenos agricultores, muitas vezes os sem terra, que ao invés de plantarem cana, para se transformar em álcool combustível, ou soja, para virar alimento para o gado estrangeiro, plantam o arroz, o feijão, as frutas, os legumes e as verduras que abastecem as cidades.

PORTAL COMUNISTA - publicação de WILLIAN DE SOUZA famousstudio_willian@yahoo.com.br

PRINCIPAIS PERÍODOS DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA

Iluminura Medieval: Ecce Homo.

Filosofia patrística

A patrística resultou do esforço feito pelos dois apóstolos intelectuais (Paulo e João) e pelos primeiros padres da igreja para conciliar a nova religião – o cristianismo – com o pensamento filosófico dos gregos e romanos, pois somente com tal conciliação seria possível convencer os pagãos da nova verdade e convertê-los a ela. A filosofia patrística liga-se, portanto à tarefa religiosa de evangelização.

A patrística foi obrigada a introduzir a idéia de criação do mundo a partir do nada, de pecado original do homem, de Deus como trindade una, de encarnação e morte de Deus, de juízo final e ressurreição dos mortos. Precisou também explicar como o mal pode existir no mundo, uma vez que tudo foi criado por Deus, que é pura perfeição e bondade.

Em resumo, o grande desafio da filosofia patrística era conciliar razão e fé. A esse respeito, havia três possibilidades principais:

  • Os que julgavam fé e razão irreconciliáveis e a fé superior à razão.
  • Os que julgavam fé e razão conciliáveis, mas subordinavam a razão à fé.
  • Os que julgavam razão e fé irreconciliáveis, mas afirmavam que cada uma delas tinha seu próprio campo de conhecimento e não deviam se misturar.

Filosofia medieval

Abrange pensadores europeus, árabes e judeus. É um período em que a igreja romana dominava a Europa, ungia e coroava reis, organizava Cruzadas à Terra Santa e criava, à volta das catedrais, as primeiras universidades ou escolas. E, a partir do século XII, por ter sido ensinada nas escolas, a filosofia medieval também é conhecida com o nome de escolástica.

Filosofia da Renascença

É marcada pela descoberta de obras de Platão desconhecidas na Idade Média e de novas obras de Aristóteles, que passam a ser lidas em grego e a receber novas traduções latinas, mais acuradas e fiéis. A época também se dedica à recuperação das obras dos grandes autores e artistas gregos e romanos e à imitação deles.

Filosofia moderna

Este período nasce procurando vencer um ambiente de pessimismo teórico, o ceticismo, a atitude filosófica que duvida da capacidade da razão humana para conhecer a realidade exterior ao homem.

As guerras de religião, as descobertas de outros povos diferentes dos europeus, as disputas filosóficas e teóricas criaram um ambiente em que o sábio já não podia admitir que a razão humana é capaz de obter o conhecimento verdadeiro.

Filosofia da Ilustração

Neste período há um grande interesse pelas ciências que se relacionam com a idéia de transformação progressiva. Há igualmente grande interesse e preocupação com as artes, na medida em que elas são a expressão por excelência do grau de progresso da civilização.

Data também deste período o interesse pela compreensão das bases econômicas da vida social política, surgindo uma reflexão sobre a origem e a forma das riquezas das nações, com uma controvérsia sobre a importância maior ou menor da agricultura e do comércio, a qual se exprime em duas correntes do pensamento econômico.

Filosofia contemporânea

Este período, por ser o mais próximo de nós, parece ser o mais difícil de definir, pois as diferenças entre as várias filosofias ou posições filosóficas nos parecem muito grandes porque as estamos vendo surgir diante de nós.

Fonte: FILOSOFIA - CHAUI, Marilena.

PORTAL COMUNISTA - publicação de WILLIAN DE SOUZA famousstudio_willian@yahoo.com.br

PERÍODOS E CAMPOS DE INVESTIGAÇÃO DA FILOSOFIA GREGA

Entrada da Moderna Academia de Atenas.

Período pré-socrático ou cosmológico

Neste período a filosofia se ocupa fundamentalmente com a origem do mundo e as causas e transformações na natureza.

A filosofia pré-socrática fora uma explicação racional e sistemática sobre a origem, ordem e transformação da natureza, da qual os seres humanos também fazem parte.

A cosmologia não admite a criação do mundo a partir do nada; ela afirma a geração de todas as coisas por um princípio natural, onde tudo vem e para onde tudo retorna, ou seja, o princípio da physis, sendo ela a causa natural e imperecível da existência de todos os seres e de suas transformações. Embora a physis seja imperecível, ela dá origem a todos os seres infinitamente variados, diferentes, mortais e mutáveis.

Uma vez que as coisas naturais se movem ou são movidas por outros e o mundo está em movimento ou transformação permanente. O movimento das coisas e do mundo chama-se devir.

Período socrático ou antropológico

Foi o período de maior florescimento da democracia grega, que fora de grande importância para o futuro da filosofia.

Fora neste período que surgira a figura política do cidadão, assim passou-se a afirmar a igualdade entre todos os homens adultos perante a lei e o direito de todos participar diretamente do governo da pólis, assim criou-se o conceito de democracia direta.

Ora, para conseguir que sua opinião fosse aceita nas assembléias, o cidadão precisava saber falar e ser capaz de persuadir os demais. Com isso criou-se um novo padrão para a educação grega. Assim sendo, surge a figura dos sofistas, até então seguidores de Sócrates, apresentavam-se como mestres de oratória e de retórica. Sócrates rebelou-se contra os sofistas, pois faziam o erro e a mentira valerem tanto quanto a verdade.

Fora no período socrático que surgiram as famosas frases: “Só sei que nada sei” e “conhece- te a ti mesmo”. Além disso, Sócrates sempre buscava aquilo que uma coisa, uma idéia, um valor é verdadeiramente, isso se chama essência. Sócrates procurava o conceito, e não a mera opinião das pessoas.

Período sistemático

Neste período foi escrita uma verdadeira enciclopédia de todo o saber que foi produzido e acumulado pelos gregos em todos os ramos do pensamento e da prática, então o campo de investigação da filosofia passa a ser a totalidade do saber humano.

Período greco-romano ou helenístico

Neste período que abrange a época do domínio mundial de Roma e do surgimento do cristianismo, a filosofia se ocupa, sobretudo com as questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre homem e a natureza, e de ambos com Deus.

Data o último período da filosofia antiga, quando a pólis grega desaparece como centro político e deixa de ser referência principal dos filósofos, que dizem que o mundo é sua cidade e que eles são cidadãos do mundo.

Fonte: FILOSOFIA - CHAUI, Marilena.

PORTAL COMUNISTA - publicação de WILLIAN DE SOUZA famousstudio_willian@yahoo.com.br

domingo, 20 de setembro de 2009

BRIGAS ENTRE TORCIDAS – QUESTÃO DOS VALORES

Já se tornaram comuns atos violentos, intolerantes e selvagens nas torcidas [des]organizadas.

Caso concorde com essa afirmação, você acaba de cometer um equívoco, pois a palavra correta ao trabalharmos esta situação, não seria “comum”, mas sim “freqüente”, uma vez que, classificamos tal prática bestial como comum, damos margem para a disseminação da violência e de atos agressivos por todo o país, bem como as brigas entre torcidas [des]organizadas, que deixaram, há muito tempo, de ser exclusividade de São Paulo, ou do Rio de Janeiro.

Mas sejamos mais flexíveis, toda torcida está suscetível a brigas e conflitos; desde que seja desorganizada e que tenha infringido as regras estabelecidas pela sociedade quanto ao senso comunitário. Além do mais teríamos o respaldo necessário para afirmar que tais “torcidas” estão compreendidas por verdadeiros vândalos, ao invés de torcedores.

Certa vez, Pitágoras admitiu existirem três tipos de pessoas que compareciam aos Jogos Olímpicos, hoje, por exemplo, podemos listar no mínimo quatro tipos de pessoas que comparecem ou que integram as chamadas torcidas organizadas: as que vão para comerciar durante o jogo, sem se interessar pelos torneios, as que vão para competir e fazer brilhar suas próprias pessoas, as que vão para assistir as partidas e avaliar o desempenho e o valor daqueles que ali se apresentam e finalmente, os vândalos, que se disfarçam de torcedores de bem, no propósito de gerar conflitos.

Seria muito fácil continuar apontando problemas e falhas na formação dessas torcidas, mas o nosso maior desafio está em justamente, propor soluções, uma vez que a maior certeza que temos é que existe uma problemática atuante e que precisa ser resolvida.

Antes mesmo de propor soluções, precisamos estudar e procurar entender as causas que levam os torcedores a atitudes de extrema violência e intolerância. De acordo com algumas teorias Freudianas, podemos dizer que tais atos são influenciados por fatores e sentimentos internos e externos às pessoas, e que podem ter acontecido em uma ocasião remota ou até mesmo, podem estar agindo sobre os indivíduos naquele exato momento. Sentimentos recalcados em ocasiões anteriores, mesmo que inconscientes, podem a qualquer momento se sublimar, por uma razão relativa a alguma associação espontânea que acabou ocorrendo e levou o indivíduo à extrema fúria por motivos fúteis e imbecis, tais quais caracterizam o estopim de uma briga entre torcidas organizadas.

Também seria correto afirmarmos que as brigas são reflexos da fragilidade dos valores e da falta de senso comunitário dentro das torcidas organizadas, que prefiro chamar de desorganizadas, uma vez que há uma total ausência de regras e regimentos que garantam o mínimo de civilidade entre essa sociedade esportiva. Não podemos deixar de conceituar que em alguns casos, uma “quebra repentina” dos valores faz com que um indivíduo de plena consciência dos preceitos da ética, acabe os “esquecendo” em razão do grande impulso exercido pela maioria de rebeldes.

Do ponto de vista ético, moral e dos valores, um grupo inteiro, nesse caso, seriam as torcidas organizadas, é tomado por desvalores, que são extremamente prejudiciais e resultam diretamente na desordem e algazarra, que acaba por contaminar até os indivíduos alheios ao tumulto.

Agora, munidos de um breve, mas importante conceito sobre as causas que culminam nos conflitos, chegamos a um desafio muito maior, precisamos propor alternativas para que esta problemática não se repita mais vezes.

Vimos que os valores são resultados das relações humanas e das regras estabelecidas entre os indivíduos e o mundo em que vivem, por isso o objetivo dos valores está em orientar atitudes concretas. Se a água é indispensável para a nossa vida, temos que evitar a poluição dos rios, por exemplo, bem como acontece com as relações humanas, é preciso zelar por elas, já que somos extremamente dependentes da sociedade, e nesse caso, dizemos que os valores existem na ordem da afetividade, uma vez que não ficamos indiferentes diante de alguma coisa, de uma pessoa, enfim, diante das relações interpessoais, que se dão a todo tempo e em todos os lugares.

Outra palavra que devemos avaliar, dentro deste mesmo contexto, é justamente “atitude”; seria necessariamente uma atitude, promover brigas entre torcidas organizadas? Claro que não, tal prática de tamanha bestialidade é um impulso primitivo, que ainda existe na personalidade humana, e o papel do conjunto de valores e da moral é justamente nos ajudar a controlar esses impulsos selvagens, e sublima-los em atitudes polidas, uma vez que, no século XXI a ética e os valores, bem como o senso comunitário, deveriam ser inatos ao ser humano.

Vamos fazer do esporte uma festa, uma comemoração saudável, e não um pretexto para brigas; se assim for, não haveria motivos para a existência de estádios, por exemplo, e passaríamos a demolir os campos de futebol, as quadras de vôlei e de basquete, para a construção de “brigódromos”, portanto, estaríamos fazendo uma viagem no tempo e tornaríamos ainda mais presente a tática do pão e circo, utilizada na Roma Antiga.

PORTAL COMUNISTA - publicação de WILLIAN DE SOUZA famousstudio_willian@yahoo.com.br

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O BERÇO DA DESIGUALDADE SOCIAL

Toda sociedade, desde que seja mal organizada e baseada nas políticas capitalistas, gera diversas formas de desigualdades sociais, sobretudo educacionais como resultados de sua má administração.

A miséria social e todas as suas vertentes possíveis e imagináveis são reflexos do sistema capitalista, que por sua vez, é extremamente dependente da geração de conflitos e de contrastes sociais para sobreviver e manter sua hegemonia no ramo da politicagem.

Enfim está é a nossa realidade nua e crua. Então, seria esta uma realidade boa? Não sei. Seria ruim? Talvez. Justa!? Definitivamente, NÃO.

Para tanto, indago, o quê eu tenho a ver com tudo isso? A resposta é muito simples, TUDO.

Se por um momento estamos omissos em relação às injustiças sociais que vêm acontecendo em nosso país, como a má administração dos recursos públicos e a falta de ética no Senado, por exemplo, mesmo não participando diretamente dessas atitudes ilícitas, somos totalmente culpados, uma vez que o nosso dever também é fiscalizar o trabalho dos nossos representantes. Daí, eu indago: onde está o nosso poder de reivindicação? Onde está a nossa ética? E principalmente, qual é a nossa atitude, enquanto figura política, diante de tais atos injustos?

A César o que é de César”, se o Estado se apropria da democracia e a manipula, bem como um instrumento de coerção à população e de alienação em massa, cabe a nós manifestarmos nossa insatisfação e exigirmos políticas verdadeiramente públicas, que nos garantam o básico e essencial para vivermos com dignidade em plena cidadania, ou seja, cedo ou tarde, a população irá se rebelar contra a estrutura mor, promotora da desigualdade e da opressão, pois até agora, desconhecemos meios de alienação tão potentes, capazes de adormecer por toda a eternidade o espírito de justiça da população e retardar a sede por liberdade do proletariado.

Na verdade, todos nós pagamos pela má administração dos recursos públicos por parte dos nossos representantes, que por sua vez, se aproveitando da ignorância da população deturpam a verdade, ao afirmarem que a distribuição de renda no Brasil faria com que todos fossem igualmente pobres, por exemplo, o que não seria mau, pois se todos fossemos igualmente pobres, estaríamos enquadrados num padrão estabelecido democraticamente. Mas raramente passa pela nossa cabeça o questionamento sobre quanto dinheiro existe no mundo e a sua respectiva concentração, pois bem, sabe-se que, hipoteticamente, se todo o dinheiro que existe fosse transformado em espécie, a América Latina inteira estaria coberta por cédulas e os africanos “nadariam” sobre dólares.

É inegável que a extrema pobreza do nosso país é causada pela má administração dos recursos públicos e que a sua perpetuação depende diretamente das políticas [anti]democráticas que beneficiam uns mais que os outros, relembrando que o capitalismo necessita de conflitos e antagonismos para se fortalecer.

Também seria impossível combater a desigualdade sem antes convencer a população da sua importância social, e acima de tudo do imensurável valor representado pelo conhecimento, pois é a partir dele que vamos desenvolver nosso senso crítico, vamos sair da nossa ilha de conformismo, enfim, vamos deixar de lado nossas vagas opiniões sobre a corrupção no governo e sobre as falhas das políticas públicas e passaremos a indagar sobre a essência da corrupção e qual é o conceito sobre as falhas das políticas públicas, por exemplo, desta forma levaremos em consideração a suma verdade, que se trata de um sentimento intemporal, universal e principalmente necessário.

Novamente os antagonismos capitalistas voltam a nos assombrar, mas desta vez eles dizem respeito à educação do nosso país ou pelo menos a falta dela, mas sabe-se que não se pode esperar igualdade em um país onde algumas crianças entram na escola aos quatro anos e outras aos sete. Não se pode esperar igualdade em um país onde a maioria dos jovens não têm acesso a universidade, e especialmente, não podemos esperar igualdade em um país que repudia, desrespeita e banaliza a política. Para tanto o acesso desigual a educação, é uma das causas da desigualdade social.

Enquanto não reconhecermos nossa própria ignorância e nossa omissão política, seremos incapazes de convergir ao nosso âmago interior e promover qualquer tipo de transformação social, porque, também não compreendemos a própria sociedade como um todo, pois a sociedade não está restrita somente às relações humanas, ela está, ao mesmo tempo, dentro de cada um de nós. Para ilustrar esta situação de reconhecimento da nossa própria ignorância, gostaria de utilizar duas famosas frases de Sócrates: “Só sei que nada sei” e “Conhece-te a ti mesmo”.

Em resumo a desigualdade social é causada por diversos fatores que estão emaranhados de tal forma que nos deixam intrigados, mas ao hesitarmos uma solução a esta problemática, o complexo sistema capitalista nos impõe outra ainda maior, um exemplo claro para esta situação está caracterizado pelos diversos impedimentos existentes contra a implantação dos transportes ferroviário e hidroviário no Brasil, sendo que interesses de pessoas influentes e companhias muito poderosas estarão em jogo.

Basta simplesmente uma reflexão para concluir que os berços desiguais são puramente o reflexo do modo em que a nossa sociedade se organiza, supervalorizando o indivíduo e deixando o coletivo sempre em último plano, até os povos “bárbaros” eram mais políticos, que nós, pois sabiam utilizar a democracia com muito mais coerência, sobretudo, tinham um senso de justiça e de coletividade, desconhecido pela sociedade atual.

E ainda por cima, estão grafadas em letras garrafais na bandeira do nosso país, as palavras “Ordem e Progresso”, prefiro desacreditar que esses dizeres são as únicas coisas erradas no Brasil, mesmo sabendo que para tanto teremos que consertar muitas outras coisas, começando pelos berços desiguais.

PORTAL COMUNISTA - publicação de WILLIAN DE SOUZA famousstudio_willian@yahoo.com.br

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A PAZ É FRUTO DA JUSTIÇA

Por Cléber Rodrigo Cordeiro.

Sempre fui um apaixonado pela diversidade da cultura brasileira, sempre gostei de sua música, de sua culinária, de seus sotaques e principalmente de sua fé.

Em relação a religiosidade , o que me chama a atenção é a fé do povo nordestino, que mesmo castigado a anos por uma política exploradora, também é vítima de terríveis secas. Esse povo mantém sempre viva a esperança de que dias melhores virão e através de suas novenas e promessas, aguardam o dia em que chuva deixe verde o seu sertão sem muitas cores. Em meio a tantas adversidades sua atitude é de fé, e uma certeza de que a paz em forma de chuva molhará com bênçãos a sua roça.

Vivemos em um mundo onde fica difícil saber se enfrentamos “uma época de mudanças, ou uma mudança de época”, estamos diante de uma total inversão de valores, onde as pessoas parecem perder a noção do que é certo e do que é errado.

Em tempos onde a paz parece estar tão distante, a mensagem sempre nova de Jesus, nos traz uma segurança e ao mesmo tempo nos lança um grande desafio.

Jesus nos assegura que serão felizes aqueles que promoverem a paz e também aqueles que forem perseguidos por causa da justiça. Parece contraditório, mas não é, e mais uma vez eu imagino aquele humilde nordestino que lançou a semente na terra esperando no futuro fazer uma boa colheita.

Digo tudo isso, pois estamos falando de um fruto chamado PAZ, e que brota de uma árvore chamada JUSTIÇA não é mesmo? E por que será que esse fruto está tão escasso no mercado atualmente?

É mais do que necessário para todos nós, que não sejamos apenas contra toda e qualquer forma de violência, mais que também possamos ser promotores da paz, e nesse assunto a melhor propaganda continua sendo o bom exemplo.

Quando pensamos em violência nos vem a mente os noticiários de TV, quase sempre sensacionalistas, as mortes provocadas pelo tráfico, os casos de polícia, porém esquecemos daquela violência que começa dentro das nossas famílias, muitas vezes provocada pela falta de diálogo, da violência que surge pelo individualismo moderno que nos impede de reconhecer no contato com o outro a riqueza de um novo aprendizado e da violência a que são submetidos milhares de brasileiros sem acesso à educação, a cultura e ao lazer.

Infelizmente é triste saber que poucos desfrutam da sombra oferecida pela árvore da Justiça, parece que ela apenas refresca alguns privilegiados enquanto a maioria sofre com o calor da hipocrisia.

Creio que o fruto da justiça não brotará se não for regado com amor, com tolerância, com sabedoria, com honestidade e principalmente com respeito. Muitos desanimam, pois acreditam que seus pequenos gestos não serão capazes de mudarem o mundo, no entanto novamente Jesus nos anima e mostra que o grão de mostarda, apesar de ser uma das menores sementes do mundo, dá origem à uma grande árvore onde os pássaros podem inclusive pousar.

Imaginem milhões de pequenas sementes de justiça sendo semeadas todos os dias, por todos os setores da sociedade, quantos frutos de paz poderíamos colher?

Para promover a paz não podemos ficar de braços cruzados, precisamos correr atrás, denunciar as injustiças, propor soluções e convencer mais com exemplos do que com palavras, ou seja, devemos semear!

Não se impressione com o tamanho da semente, ou mesmo com as condições do tempo, mantenha a posição de fé e confiança do sábio agricultor nordestino e não deixe de semear e ser sinal de esperança, afinal é do grão que se faz o fruto.

PORTAL COMUNISTA - publicação de Cléber Rodrigo Cordeiro. Sociólogo e Professor. famousstudio_willian@yahoo.com.br

domingo, 6 de setembro de 2009

A LUTA DE CLASSES

Segundo Karl Marx, “a história da humanidade é a história da luta de classes”, de um lado está o burguês, dono dos meios de produção e gestor da sociedade capitalista, do outro o proletariado, que vive às margens da democracia, à mercê do perverso sistema capitalista e obrigado a vender o único bem que o pertence, a sua força de trabalho e se sujeitar às políticas de exploração burguesa, em outras palavras, de um lado está o opressor e do outro o oprimido.

Entende-se pela divisão da sociedade nestas duas grandes classes sociais, burgueses e proletários, a estratificação social e econômica. Por estratificação, entendemos a distribuição dos indivíduos em grupos e camadas hierárquicas. Essa distribuição se dá pela sua posição social, pelas atividades que exercem e pelos papéis que desempenham na estrutura social. A estratificação também pode ser, política ou profissional.

A sociedade moderna burguesa [ou sociedade capitalista], surgida das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes. Apenas estabeleceu novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta em lugar das velhas” [1].

A geração dos senhores feudais da Idade Média, por exemplo, se tornou a dos grandes industriais burgueses de hoje e a dos vassalos a classe proletária. Esta seria uma simples análise que nos serve de referência ao comparar a transformação das relações entre opressores e oprimidos da Idade Média para a Contemporânea.

Como podemos perceber, os conflitos e as ações de opressão e exploração, continuam presentes e atuantes em nossa sociedade, bem como na época de Marx, mas por outro lado, a relação de exploração do proletariado vem se tornando cada vez mais impiedosa e inescrupulosa.

Segundo Marx a burguesia é uma classe revolucionária, pois sempre consegue manter sua hegemonia, mesmo em épocas de crise, prestes ao rompimento, “renasce das cinzas”, ainda mais poderosa.

Ainda não contente com a dura rotina de exploração ao que os proletários são obrigados a se submeter, a burguesia re-surge com uma nova ferramenta, mas agora para controlar a mente e alienar a classe trabalhadora. Essa ferramenta aparentemente inofensiva está personificada nos novos meios de comunicação e nas novas formas de mídia. Desta maneira a burguesia se faz ainda mais presente na vida do proletário.

Até agora discutimos uma problemática que vem se arrastando durante muitos e muitos anos, mas ainda não propusemos uma solução definitiva; isso se dá pelo fato da relação entre burgueses e proletários ser extremamente necessária nas condições em que vivemos hoje, até porque, se estas rotinas de exploração decaíssem, com certeza sofreríamos uma crise na “democracia”.

Partindo para uma investigação mais ampla, podemos nos questionar também sobre a democracia qual fazemos parte. Será que podemos chamar de democracia, um sistema baseado na exploração do trabalho das pessoas? Uma sociedade firmada na segregação entre pobres e ricos, e na deturpação dos direitos do proletariado, é de fato democrática?

Enfim, tais respostas devemos buscar por conta própria, uma vez que não queremos ser tendenciosos ao responde-las abertamente por meio desta postagem, mas partindo de uma essência e razão verdadeiramente necessárias, entendemos que democracia é o governo de todos ou da maioria; portanto, podemos ao menos encontrar algumas contradições em nossa conjuntura política e social dita democrática, tal onde a maioria da população está desprovida do básico e essencial para viverem com dignidade.

Então, consideramos que democracia sem conscientização não é o mesmo que conscientização sem democracia, conseqüentemente, a conscientização é independente à democracia.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------
[1] MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista.

PORTAL COMUNISTA - publicação de WILLIAN DE SOUZA famousstudio_willian@yahoo.com.br

terça-feira, 1 de setembro de 2009

SEGURANÇA PÚBLICA É SINÔNIMO DE REPRESSÃO?

Por Hugo Fernando Jardim Muniz de Souza.
.

Muitos teóricos defendem a idéia de que a maldade é intrínseca à natureza humana. Em outras palavras, o homem [1] carrega a maldade em seu coração desde que é homem, afinal de contas o próprio histórico o condena.

O palio-homem ao descobrir que alvejar o semelhante com um objeto auferir-lhe-ia poder, mudou a relação até então vigente entre eles. Na era medieval o misticismo dos que trabalhavam garantia a fartura dos que oravam. Segundo Thomas Hobbles “o homem é o lobo do homem [2]”. Teorias mais plausíveis isentam o homem de ter a violência inerente ao seu ser.

Marx [3] caracteriza o sistema capitalista como biltre e vilão, destruidor e alienador da relação homem/homem, homem/natureza. Criacionistas e evolucionistas que quase sempre divergem, convergem em relação à idoneidade da moral humana.

Santo Agostinho [4] afirma que: “se existe o bem o homem não é absolutamente mau (...) o mal não existe enquanto ser”. Mal é falta do que deveria existir ou a falta de ordem. Assim, se falta um olho a um homem, isso seria um mal. Se falta ordem num ser, isso é um mal. Se um homem tem uma terceira orelha em sua fronte, ela estaria colocada fora de ordem e lhe seria prejudicial. Mal aí seria falta de ordem no ser.

Porém somos capazes de fazer ações más, isto é, desordenar os bens. O mal moral existe. Por exemplo, roubar é um mal moral, e ele consiste em colocar um bem menor (o dinheiro, a riqueza) acima de um bem maior: a justiça”.

Se o egoísmo e a violência não são características inatas do ser humano, fica obvio que ele está sendo enganado, confundido. Perdido na excentricidade do consumismo desenfreado, como alguém perdido em uma noite de névoa. Nesse contexto é pertinente que os poucos que ainda estão lúcidos e enxergam através da névoa espessa, orientem aos outros a traçar caminhos que venham a garantir que as gerações futuras continuem a caminhar. Fica claro então, que o ser humano não possui um espírito nefasto, só está desorientado, iludido por padrões pautados na ostentação, na ganância e no individualismo.

Sergio Buarque de Holanda, ou simplesmente o “pai de Chico [5]“, um dos maiores intelectuais brasileiros que através de sua obra prima – Raízes do Brasil – ajuda a explicar o processo de formação da sociedade brasileira. Em outras palavras, interpretar o Brasil considerando as dinâmicas dos arranjos e adaptações da cultura portuguesa no Brasil colonial. Esse importante autor nos ajuda apensas a Segurança Pública ou a falta dela pelo viés da formação moral do homem brasileiro.

Em uma interpretação antropológica do homem, o pai de Chico caracteriza o brasileiro como – O Homem Cordial, mas não fundamentalmente bom. Ao contrário do que muitos pensam, cordial não é uma expressão que define alguém como pessoa gentil, a palavra deriva do latim cor, córdis, que significa coração. E não deve ser entendida como caráter pacífico. O brasileiro é capaz de guerrear e até mesmo destruir; no entanto, suas razões animosas serão sempre cordiais, ou seja, emocionais.

O homem cordial é aquele que agi de acordo com as suas emoções, um homem movido pelos sentimentos e não pela razão. Com dificuldade de enxergar o coletivo, tende a confundir o interesse coletivo com o privado, ignorar as leis em nome da amizade, nesse tipo de relação prevalece o conchavo o jeitinho brasileiro. Características trazidas pelo colono que chegava ao Brasil para espoliar suas riquezas, tirar vantagem da situação, como diz o ditado “farinha pouca meu pirão primeiro” ou um adágio da época que dizia “aos inimigos, as leis; aos amigos, tudo”.

Por esse ponto de vista podemos observar que o processo democrático nacional é um lamentável mal entendido, pautado nas relações patriarcais e oligárquicas a invenção da democracia no Brasil é mais uma manobra utilizada pela burguesia para controlar as massas.

Contemporaneamente, o governo brasileiro procura formas de amenizar os conflitos ente os homens. Na cidade de São Paulo uma megalópole com cerca de 11 milhões de habitantes, os problemas na esfera da relação homem/homem, homem/natureza, ganham dimensões estratosféricas. Na Secretaria Segurança Pública, órgão responsável em mediar os conflitos entre os cidadãos, ganha ressonância hipóteses ilusórias de que as políticas convencionais de repressão podem resolver a problemática violência.

Entretanto, ao se discutir a questão da Segurança Pública, tem-se que levar em conta que a paz anda na contra mão da injustiça social, ou seja, “pedir paz sem justiça é utopia [6]”. Em outras palavras, as medidas repressoras são pouco eficientes, principalmente porque o Estado utiliza-se desse artífice para sufocar a ruidosa massa proletária que em sua maioria sonha todo dia com um mundo melhor e mais justo, enquanto o alto escalão está imune às leis aplicadas com rigor aos reles mortais.

Suplantar a injustiça social sob a édige de um sistema baseado na acumulação de capital, efetivada na exploração da classe dominante sobre a classe operária é algo surreal. Mesmo assim, a sociedade não pode cruzar os braços e ficar inerte. É preciso se posicionar de forma a encontrar soluções positivas para resolver a questão da violência. As medidas preventivas “educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos [7]”, além do discurso da Cultura de Paz, traz a possibilidade de compreender que a justiça e a paz podem ser construídas em diversas dimensões – a interna e pessoal [8], a interpessoal, a societal e porque não a planetária haja vista que vivemos num contexto de globalização, um acontecimento ocorrido no outro lado do mundo pode trazer desdobramentos importantes para esse lado do mundo (vide gripe A/ H1N1).

As medidas que garantam a Segurança Pública, não precisam girar em torno de políticas de repressão, elas podem e devem ser pensadas coletivamente além de assegurar preceitos básicos e caros a qualquer cidadão como; educação, cultura, saúde, alimentação, transporte e saneamento básico para todos.

---------------------------------------------------------------

[1] Forma mais usual de se referir ao ser humano.

[2] Filósofo inglês autor do livro Leviatã.

[3] Karl Heinrich Marx, intelectual revolucionário alemão.

[4] Teólogo e filósofo medieval.

[5] Como ele gostava de se anunciar, por ser pai do compositor e cantor Chico Buarque de Holanda.

[6] Trecho de música do cantor de rap MV BILL.

[7] Pitágoras filósofo e matemático grego.

[8] Proposta educacional da Escola Caritas.

PORTAL COMUNISTA - publicação de HUGO FERNANDO JARDIM MUNIZ DE SOUZA. Professor de História e cidadão do mundo. famousstudio_willian@yahoo.com.br

FILOSOFIA SOCRÁTICA

Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.)

INTRODUÇÃO

Por que Sócrates é considerado o “patrono da filosofia”? Talvez seja porque ele jamais se contentou com as opiniões estabelecidas, com os preconceitos de sua sociedade e com as crenças mantidas inquestionáveis pelos seus conterrâneos. Em suma, Sócrates desconfiava das aparências e procurava a realidade verdadeira das coisas.

Sócrates andava pelas ruas de Atenas questionando as pessoas: “O que é isso que você está fazendo?”, “O que é isso que você está dizendo?”. Os atenienses achavam, por exemplo, que sabiam o que era a justiça. Sócrates lhes fazia perguntas de tal maneira que, embaraçados e confusos, chegavam à conclusão de que não sabiam o que era a justiça. Os atenienses acreditavam que sabiam o que era a coragem. Com suas perguntas incansáveis, Sócrates os fazia concluir que não sabiam o que era a coragem. Os atenienses acreditavam que sabiam o que era a bondade, a beleza, a verdade, mas um prolongado diálogo com Sócrates os fazia perceber que não sabiam o que era aquilo em que acreditavam.

A pergunta “O que é?” era o questionamento sobre a realidade essencial e profunda de uma coisa para além das aparências e contra as aparências. Com essa pergunta, Sócrates levava os atenienses a descobrir a diferença entre parecer e ser, entre mera crença ou opinião e verdade.

Desta forma, Sócrates auxiliava as pessoas a libertarem suas mentes das meras aparências, e as direcionava à buscar a verdade, mas também o conhecimento interior: “conhece-te a ti mesmo”. Nesta mesma linha de raciocínio, Sócrates chegou a conclusão da importância da atitude crítica e emendou, dizendo que só estaremos aptos a conhecer a verdade, sendo críticos com nós mesmos, reconhecendo a nossa ignorância: “Só sei que nada sei”. Daí, mais tarde, chega-se à conclusão que a filosofia está voltada para os momentos e situações críticas.

PERÍODO SOCRÁTICO OU ANTROPOLÓGICO

Sócrates deu origem a um importante período da filosofia grega, chamado período Socrático ou Antropológico, que perdurou do fim do século V a.C. a todo o século IV a.C., quando a filosofia investiga as questões humanas, isto é a ética, a política e as técnicas, e busca compreender qual é o lugar do homem no mundo.

O período Socrático foi marcado por grandes mudanças nas cidades, no comércio, no artesanato e nas artes militares, então, sendo responsável por Atenas ter se tornado o maior centro de vida social, política e cultural da Grécia.

Foi a época de maior florescimento e esplendor da “democracia”, que por sua vez, instituiu o conceito burguês de “cidadão”.

Com o florescimento da democracia e da figura do cidadão, surge então a necessidade dos mesmos aprenderem a exercer a sua “cidadania”, opinando, discutindo, deliberando e votando nas assembléias. Assim, a nova educação estabelece como padrão ideal a formação do bom orador, isto é, aquele que sabe falar em público e persuadir os outros na política. Para dar essa educação, surgiram os sofistas, os primeiros filósofos do período socrático.

  • A filosofia socrática se voltou para as questões humanas no plano da ação, dos comportamentos, das idéias, das crenças, dos valores e, portanto, se preocupa com as questões morais e políticas.
  • O ponto de partida da filosofia é a confiança no pensamento ou no homem como um ser racional, capaz de conhecer-se a si mesmo e, portanto, capaz de reflexão.
  • Como se trata de conhecer a capacidade de conhecimento do homem, a preocupação se volta para estabelecer procedimentos que nos garantam que encontramos a verdade, isto é, o pensamento deve oferecer a si mesmo caminhos próprios, critérios próprios e meios próprios para saber o que é o verdadeiro e como alcança-lo em tudo o que investigamos.
PRINCÍPIOS GERAIS DO CONHECIMENTO VERDADEIRO
  • Distinção entre o conhecimento sensível e o conhecimento intelectual;
  • Diferença entre opinião e saber ou conhecimento verdadeiro;
  • Diferença entre aparência e essência.

SÓCRATES CONTRA OS SOFISTAS

Que diziam e faziam os sofistas? Diziam que os ensinamentos dos filósofos cosmologistas estavam repletos de erros e contradições e que não tinham utilidades para a vida da pólis. Apresentavam-se como mestres de oratória ou de retórica, afirmando ser possível ensinar aos jovens essa arte para que fossem bons cidadãos.

Percebendo as más intenções dos sofistas, Sócrates logo rebelou-se, dizendo que eles não eram filósofos, pois não tinham amor pela sabedoria nem respeito pela verdade, defendendo qualquer idéia se isso fosse vantajoso. Corrompiam o espírito dos jovens, pois faziam o erro e a mentira valerem tanto quanto a verdade.

SÓ SEI QUE NADA SEI”

A consciência da própria ignorância é o começo da filosofia. O que procurava Sócrates? Procurava a definição daquilo que uma coisa, uma idéia, um valor é verdadeiramente. Isso se chama essência. Sócrates procurava a essência real e verdadeira das coisas. Sócrates procurava o conceito, e não a mera opinião que temos de nós mesmos, das coisas, das idéias e dos valores. O conceito é uma verdade intemporal, universal e necessária.

Por isso, Sócrates não perguntava se uma coisa era bela – pois nossa opinião sobre ela pode variar –, e sim “O que é beleza?”, “Qual é a essência ou conceito do belo, do justo, do amor, da amizade?”.

Sócrates perguntava: “Que razões rigorosas você possui para dizer o que diz e para pensar o que pensa?”, “Qual o fundamento racional daquilo que você fala e pensa?”.

Ora, as perguntas de Sócrates referiam-se a idéias, valores, práticas e comportamentos que os atenienses julgavam certos e verdadeiros em si mesmos e por si mesmos. Ao fazer suas perguntas e suscitar dúvidas, Sócrates os fazia pensar não só sobre si mesmos, mas também sobre a pólis. Aquilo que parecia evidente acabava sendo percebido como duvidoso e incerto.

AS IDÉIAS DE SÓCRATES

Sabemos que os poderosos têm medo do pensamento, pois o poder é mais forte se ninguém pensar, se todos aceitarem as coisas como elas são, ou melhor, como nos dizem e nos fazem acreditar que são. Para os poderosos de Atenas, Sócrates tornara-se um perigo, pois fazia a juventude pensar. Por isso, eles o acusavam de desrespeitar os deuses, corromper os jovens e violar as leis. Levando à assembléia, Sócrates não se defendeu e foi condenado a tomar um veneno.

Por que Sócrates não se defendeu? “Porque”, dizia ele, “se eu me defender, estarei aceitando as acusações, e eu não as aceito. Se eu me defender, o que os juízes vão exigir de mim? Que eu pare de filosofar. Mas eu prefiro a morte a ter de renunciar à filosofia”.

DOGMATISMO E A BUSCA PELA VERDADE

Quando prestamos atenção e Sócrates, notamos que ele desconfia das opiniões e crenças estabelecidas em sua sociedade, mas também desconfia de suas próprias idéias e opiniões. Desconfia, enfim, do dogmatismo, ou seja, aquelas atitudes espontâneas que temos desde crianças.

O mesmo pode ser aplicado as nossas sensações ou impressões sensoriais, que variam conforme o estado de nosso, as disposições de nosso espírito e as condições em que as coisas nos parecem.

Pelo mesmo motivo, devemos ou abandonar as idéias formadas com base nas nossas sensações, era o que dizia Sócrates.

Fonte: FILOSOFIA - CHAUI, Marilena.

PORTAL COMUNISTA - publicação de WILLIAN DE SOUZA famousstudio_willian@yahoo.com.br